segunda-feira, 5 de julho de 2010

A lembrança de um lugar que jamais deveria ter existido

Uma estrada de arredores adoráveis. Uma cidade bela à primeira vista. Até que vem à cabeça o nome do lugar e uma enxurrada de lembranças te põe os pés no chão. Bem-vindo à Auschwitz.


Corredores tristes e sábios guardam pedaços da vida - se é que pode-se chamar assim o que se passava lá dentro - de gente que não era tratada como tal, de gente ferida, torturada. Malas que logo seriam descartadas e roupas substituídas pelos famosos pijamas listrados. Sapatos de todos os tamanhos, de todas as idades. Escovas de dentes, aos milhares. Nada de grande impacto até que se pensa na pessoa por trás de cada objeto. E por trás de cada pessoa, na história de vida digna de ser contada.

Um prisioneiro, um número. Uma raça, uma cor. Jamais um nome, jamais um rosto. Para os sobreviventes o número tatuado na pele, seja ele motivo de orgulho pela resistência ou de vergonha pelo abandono dos outros, é mais uma lembrança de um lugar que jamais deveria ter existido.

Os que por ali passam buscam ver com os próprios olhos o retrato da dor há tanto pintado pelos livros de história. Os campos são imagens tristes de um passado que os poloneses fazem questão de manter vivo, como símbolo de uma verdade que não se quer ver repetir. Cada tijolo que mantém Auschwitz de pé é testemunha da crueldade nazista.

Seria perfeitamente compreensível querer esquecer uma história como essa, de devastação e sofrimento, mas os poloneses se aproveitam disso para ensinar às mais novas gerações e ao mundo lições sobre as torpes e vergonhosas ações nazistas. Mas acima de tudo, para mostrar que por piores que sejam, cada um dos acontecimentos ao longo de uma vida fazem o país ser o que é hoje.

Um povo que encara de frente seu passado. É o brado de quem ressurgiu das cinzas. Que sirva de exemplo para a Alemanha.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dando uma de Dostoiévski

Foi 15 de novembro de 1959. Halcomb, Kansas. Um surto de insanidade dominou Perry Edward Smith e Richard Hickock. A notícia de um crime contra a família de um fazendeiro local disparou a criatividade de Truman Capote. E dali, nasceu a obra que, alguns anos mais tarde, revolucionaria o jornalismo. A Sangue Frio transparece o talento deste autor, que busca no impacto das palavras a catapulta para um grande sucesso.
Capote, sempre muito sagaz, arquitetou uma trama de tirar o fôlego, deixando pouco espaço para críticas. Num livro intitulado A Sangue Frio, um tanto contraditório, Truman Capote humaniza os assassinos. Será que ele fez de propósito? Bem, intencional ou não, o que importa é que deu certo. O sucesso fez com que a obra deixasse sua marca na história do jornalismo e provocasse grandes debates.
Entre visitas ao local do crime, investigações, entrevistas e aproximação dos assassinos, Capote dedicou quase sete anos de sua vida no desenvolvimento do livro que ele mesmo considerou sua obra-prima. Essa apuração, porém, gera certa polêmica: Truman Capote não fez uso de gravadores, nem sequer de uma caneta. Assim, a crença na veracidade dos fatos do livro fica a mercê da boa vontade do leitor.
Capote, num ataque de Dostoiévski, descreve os acontecimentos nos mínimos detalhes fazendo com que o leitor mergulhe numa realidade de crime e castigo tão intensa que ele se sente parte dela. Página após página, revelação após revelação, o fenômeno de Truman conquista o leitor e não o deixa abandonar o livro nem para uma fugidinha ao toalete.

Uma boa vibe no Opinião

Vozeirão, agilidade nos dedos e presença de palco fizeram do show da banda Living Colour uma verdadeira aula de rock. Os nova-iorquinos se apresentaram no bar opinião, em Porto Alegre no dia 14 de outubro de 2009 e deixaram os fãs em êxtase. Apesar de o show não ter lotado o local, a sintonia do público com a banda compensou.
Com uma voz capaz de evoluir da suavidade das baladas para o mais agudo som do rock’n roll, o vocalista Corey Glover convenceu. Enquanto isso, Vernon Reid desfilava talento nas cordas de sua guitarra, com agilidade e sentimento. Mas quem dominou o palco foi o baixista, Doug Wimbish. Ele não parava um segundo sequer: ia de um canto a outro do palco, desceu para o meio da pista e, para delírio dos fãs, tocou o instrumento com a boca. Will Calhoun proporcionou quinze minutos de folga para sua banda enquanto entretinha o público com um genial e ininterrupto solo de bateria.
A banda, com mais de 25 anos na ativa, iniciou o show com alguns de seus primeiros sucessos e seguiu intercalando-os com músicas de seu novo álbum, The Chair in The Doorway. O grupo, já bastante experiente, busca inovação constante, dessa vez, baquetas iluminadas e sons eletrônicos compuseram um show inesquecível. Para completar a noite os integrantes, sempre carismáticos, fizeram uma sessão de autógrafos e fotos com os fãs.
Porto Alegre fez sucesso entre os músicos da Living Colour e o tour pela América do Sul continua até novembro. Will Calhoun elogia: “Já tocamos em vários lugares da Argentina e do Brasil, e, até agora, o melhor público foi o de Porto Alegre, as vibrações aqui são muito boas”.

Resenhando

Como eu apaguei todas as minhas postagens anteriores, num surto de começar tudo do zero, algumas das próximas resenhas podem ser mais antigas e não se encaixar com o momento da publicação. Só queria deixar avisado, antes que alguém, ao ler sobre um show de um mês que ainda não chegou, se pergunte se está no dia certo.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Meu blog, minha rebelião

Eu - como todo estudante de jornalismo que se preza - tenho um blog que ninguém lê. E se lê, não leva a sério. Ouço todo dia que vou passar fome e que deveria trocar de profissão. Minhas ambições são exageradas, sonho em voar alto demais.
Meus professores abominam o gerúndio, eu gosto. Queria poder escrever tudo em inglês, acho mais fácil e expressivo. Gosto de frases curtas, tem gente que diz que é forçado.
Por isso eu fiz o blog, pra que eu possa escrever como eu quiser, sem regras, com liberdade gramatical e criativa. Não se assuste se um dia vir um texto sem pontuação, sem maiúsculas e sem parágrafos.
Tá, não é pra tanto. É só mais um surto de rebeldia contra essa mania de pôr regras em tudo.