segunda-feira, 5 de julho de 2010

A lembrança de um lugar que jamais deveria ter existido

Uma estrada de arredores adoráveis. Uma cidade bela à primeira vista. Até que vem à cabeça o nome do lugar e uma enxurrada de lembranças te põe os pés no chão. Bem-vindo à Auschwitz.


Corredores tristes e sábios guardam pedaços da vida - se é que pode-se chamar assim o que se passava lá dentro - de gente que não era tratada como tal, de gente ferida, torturada. Malas que logo seriam descartadas e roupas substituídas pelos famosos pijamas listrados. Sapatos de todos os tamanhos, de todas as idades. Escovas de dentes, aos milhares. Nada de grande impacto até que se pensa na pessoa por trás de cada objeto. E por trás de cada pessoa, na história de vida digna de ser contada.

Um prisioneiro, um número. Uma raça, uma cor. Jamais um nome, jamais um rosto. Para os sobreviventes o número tatuado na pele, seja ele motivo de orgulho pela resistência ou de vergonha pelo abandono dos outros, é mais uma lembrança de um lugar que jamais deveria ter existido.

Os que por ali passam buscam ver com os próprios olhos o retrato da dor há tanto pintado pelos livros de história. Os campos são imagens tristes de um passado que os poloneses fazem questão de manter vivo, como símbolo de uma verdade que não se quer ver repetir. Cada tijolo que mantém Auschwitz de pé é testemunha da crueldade nazista.

Seria perfeitamente compreensível querer esquecer uma história como essa, de devastação e sofrimento, mas os poloneses se aproveitam disso para ensinar às mais novas gerações e ao mundo lições sobre as torpes e vergonhosas ações nazistas. Mas acima de tudo, para mostrar que por piores que sejam, cada um dos acontecimentos ao longo de uma vida fazem o país ser o que é hoje.

Um povo que encara de frente seu passado. É o brado de quem ressurgiu das cinzas. Que sirva de exemplo para a Alemanha.